30 novembro, 2007

Sossega Soneto.

Sossega em meu peito e dorme
Descança e dança, pequena criança
Ao longo do leito, leitosa pança
A vorás fome de sua vermiforme.

Desencadeie sua face e deforme.
Teu peito trará certa esperança
Porém, nada traz mais bonança
Do que o peito de sua oviforme

Bivalvia fechada que traduz o som
Encanta a criança, dormindo também
Do mar das conchas, num único tom

Vieram dum mundo pequeno e trouxo
Que dão os poderes inocentes à quem
Nos dará o certo exílio, nosso moucho.

Marcos Rodrigues

18 novembro, 2007

Cultura X Mídia

- Senhoras e senhores, Eu, o seu ilustrícimo apresentador, tenho a honra em lhes apresentar o combate a muito aguardado, o combate entre duas figuras, que de inicio eram como ótimos amigos, unha e carne e que agora agem feitos cão e gato, podemos dizer que seria o combate do século. No quanto direito, com seus bilhões de adoradores, pesando toneladas de opressã: a Mídia - e a multidão vai ao delírio - no canto esquerdo, com sua magreza de dar dó, dizendo que sua única arma, vejam só, são as palavras: a cultura - o apresentador é interrompido por si próprio com um estrondoso atque de risos e para não dizer não entenderam a píada, a platéia ri também feito besta.
Então a Cultura, desanimada com a presente situação, levanta as cordas que limitam a área do já acabado combate e sai cabisbaixa.
E o combate termina assim, sem vencendores, somente vencidos.

Marcos Rodrigues
esse eu nem me lembro o ano que escrevi.

Elegância

No pasto, mais uma vaca a pastar.
Uma ação movida com elegânca de vaca
Um mugido para demonstrar que és vaca
Uma vaca gorda que não pode voar.

No céu, mais um passáro a voar
Ação típica dos passáros
Um canção assim, somente passáros
Um passáro magro que pode nadar.

Na água, mais um peixe a nadar
Que nada, nada e nada, pois é um peixe
Mordendo qualquer anzol, pobre peixe,
Que fora d'água não pode respirar

No espaço, mais um planeta a girar
Em sua rota eterna, rotina de planeta
Hospedaria essencial, que chamamos de planeta
Em um pequeno planeta, não podemos morar

No Brasil, mais um brasileiro a "brazileiar"
Uma ação movida com elegância de brasileiro
Uma assinatura para demonstrar que és brasileiro
Um brasileiro burro que não pode falar.

Marcos Rodrigues
em meados de 2006

Pergunte a uma Criança

Foi perguntado ao uma criança se ela sabia rezar
Ela disse que não.
E sua mãe envergonhada estava a se avermelhar,
Em meio a indignação da mãe e o espanto do povo,
Inicia-se uma voz inocente:
- Pai nosso que estais no céu,
Santificado seja o Vosso nome
Assim como mamãe me mandou
Assim como papai ordenou
Santificado seja o Vosso nome...

Foi perguntado a uma outra criança
O que ela queria ser quando crescer
e ela disse que queria ser gente
Pois, criança... criança não é gente.

II

Há uma criança morta dentre vossos dentes
Uma criança velha, que lhe tortura a mente
Sofrimento estranho, desde o feto antigo
Uma voz feliz. Se não quiser, não digo

Encante-me, com seu ser amedrontado,
Encante-me, me deixe um pouco assustado.
Eis que torna a voz inocente a dizer:
- Estou com saudades papai, tire-me daqui...

Susto, medo, tudo que não foi feito,
Estão de volta... aí.
(Brinque criança, brinque).

Marcos Rodrigues
Inicio de 2006

Dito Popular*

A cada temporal que vem
O homem já mantém
Aquele dito popular:
"que mil anos se passaram
Mas dois mil não passará".

Mas dois mil já se passaram
Já se fazem cinco anos
E o mundo não terminou
Mas percistem com esta idéia
Dizem que Deus só adiou.

E paremos com esta idéia
Que a criança bilenar
Um dia irá... regressar
Quem se foi nunca mais volta
A não ser no sonhar

E tu que é porco eu alimento
Não de merda ou escremento
E sim de pérolas e brilhantes
Umas jóias muito belas
E tudo já não é como era antes

E se a bíblia já dizia
Tanto faz, eu não me importo
Sou um rapaz sincero
Pois o homem é covarde
Esta acostumado a levar ferro.

Marcos Rodrigues
Final do ano de 2005

* Este texto na verdade é uma música que iria ser parte de minha antiga banda de MPB, Os Súbitos no Arreal.

Poemas Perdidos

A pártir de agora começo a escrever uma série de versos que minha mulher encontrou na gaveta do guarda-roupas. Tem muitas coisas que eu nem lembrava de ter escrito.

14 novembro, 2007

Jamais saberei o certo sobre as coisas
As coisas não tem certo e nem significado, apenas existem.
Há alguns que tentam sempre explicar o inexplicável,
Caem varias vezes em contradição, somam autores e livros,
Para que um dia cheguem a uma unica conclusão:
Que nada sabem sobre coisa alguma.

Marcos Rodrigues

Evolução

Quando morrer,
Deite-me ao seu lado
Quero sentir-me fraco
Para então adoecer

Minha última palavra
Será o simples calar
Por mais que possa arrebentar
Serei assim como uma larva

O vento trará a semente necessária
Não por cortesia, mera coincidência
Serei regado com pura dor

Em uma família que não previa
Nascerei por pura insistência
E crescerei jurando o meu Amor.

Marcos Rodrigues

13 novembro, 2007

Enxergam e nada vêem.

Vontades dos crioulos
O mato, seu habitat ideal.

Há mil escravos na montanha
Todos foragidos do Patrão

O mato e seus espelhos,
Todas casas sem saral

Confusas idéias assanham
Organiza-las é função.

Os Capitães foram chamados.
Os pretos serão os prêmios.

O aviso já foi dito.
Esconder-se é propicio.

Ao chegar dos Capitães.
A poeira se "aqueta".

Nem o tempo nem o dia
Lhes fazem objeções.

E como as brancas que começam
É véz dos Capitães.

Os pretos todos fedem
Por medo e de costume

É a caça que se inicia
Os Capitãos dão um avanço.

Então, um "unzinho" pouco herói
Se dispenca de uma árvore

Quebrando suas pernas
E virando paisagem.

O Capitão é bem ligeiro,
Enxerga bem os pretos.

E com tiros bem certeiros,
Esfrega-lhes sua calamidade.

"Não nos tire à Liberdad..."
E um tiro interompe esta frase.

Então o Capitão,
Sem pena e nem perdão.
Repassa sua estória ao Patrão,

" 'Sinhosinho' abençoado
jás aqui os foragidos.
E por não me ser permetido,
por não ter carruagem
e nem coragem.
Destas 'beiças'
Só lhe trouxe as cabeças"

Marcos Rodrigues